Por Helena Rebello, Londres
Botsuano não disputou a classificatória na segunda-feira por ter sofrido intoxicação alimentar
Isaac Makwala venceu o relógio e
manteve vivo o sonho de conquistar uma medalha individual do Mundial de
Atletismo de Londres. Barrado pela Federação Internacional (IAAF) na final dos
400m, o botsuano não disputou as classificatórias dos 200m, prova na qual é
líder do ranking mundial devido a uma gastroenterite. Com a oferta de uma
segunda chance, correu sozinho no Estádio Olímpico e, ao cravar 20s20,
conquistou uma vaga para a semifinal da disputa. Ao ver o tempo no telão, ainda
tirou onda. Fez algumas flexões e mostrou que está com saúde para dar e vender.
O africano terá
pouco mais de duas horas para se recuperar, já que a fase seguinte será
disputada ainda nesta quarta-feira, às 16h55 (horário de Brasília). Apesar do
bom tempo, ele foi encaixado na raia 1 - raias internas são melhores e
destinadas normalmente aos mais velozes - da primeira bateria para que não
houvesse prejuízo àqueles que se classificaram normalmente nas eliminatórias de
segunda. O SporTV2 transmite, e o SporTV.com acompanha em Tempo Real.
Antes da largada, o momento de oração e concentração (Foto:
Reuters)
Makwala passou mal na última
segunda-feira, com vômito e diarreia, e não teve condições de se apresentar
para as eliminatórias dos 200m. Ele foi um dos mais de 30 atletas que supostamente
contraíram o chamado norovírus. Na terça-feira ele disputaria a final dos 400m,
prova na qual seria um dos principais desafiantes do favorito Wayde Van
Niekerk. Ele foi ao Estádio e tentou competir, mas a IAAF vetou sua
participação alegando que a condição clínica dele impunha a necessidade de
quarentena de 48h.
O caso repercutiu muito mal, visto
que Makwala concedeu entrevistas afirmando que tinha perfeitas condições de
correr e que não foi avaliado por nenhum médico – informação rebatida pela
IAAF. Como a quarentena foi encerrada às 14h (horário local) desta quinta, a
IAAF decidiu tentar minimizar a polêmica dando a ele a oportunidade de disputar
uma tomada de tempo sozinho antes do início do programa oficial desta quarta.
Para conquistar
a vaga, ele precisaria ao menos igualar a marca de 20s53, tempo do último
classificado para a semifinal - a título de comparação, o melhor tempo dele no
ano, que também é o melhor do mundo na temporada, é 19s77. Para não prejudicar
nenhum outro atleta e evitar nova crise de relações públicas, a IAAF decidiu
que apenas o adicionaria a uma das baterias das semis, que passaria a ter nove
atletas, sem interferir nas vagas dos demais.
Makwala cruza olhando para o cronômetro para ver se tinha passado à semi
(Foto: Reuters)
Debaixo de muita chuva, Makwala se
posicionou na raia 7, que originalmente seria a sua na quinta das sete baterias
classificatórias. Em sua página de resultados, a IAAF passou a considerar a
existência de uma oitava bateria de um só atleta. No Estádio, quando os
locutores anunciaram o evento, o botsuano foi muito aplaudido pelo público. Se
benzeu algumas vezes, apontou para o céu e se preparou para a largada.
Sem nenhum
adversário para ajudar no ritmo, disparou por conta própria. Cobriu os 200m em
20s20, o sétimo tempo considerando-se todos os atletas das eliminatórias. Ao
ver que tinha conseguido, deu um recado claro. Fez flexões na pista e mostrou
que estava mais do que apto para competir.
Aguardando o
momento de entrar no Estádio para receber o ouro dos 400m, Wayde Van Niekerk
assitiu à prova pela televisão. Certamente ficou preocupado. Viu que terá muito
trabalho caso queira uma dobradinha.
Makwala cumprimenta o público após receber apoio (Foto: Reuters)