Ministro do
esporte, Nathi Mthethwa se comprometeu a enfrentar a "injustiça" da
decisão, que chama de "violação grosseira dos direitos humanos
fundamentais"
Por Redação do ge — Rio de Janeiro
Ministro do esporte, cultura e artes da África do Sul, Nathi Mthethwa se comprometeu a lutar contra a "injustiça" da decisão que exige que a corredora Caster Semenya tome medicamentos redutores de testosterona para ser elegível para competir. Bicampeã olímpica nos 800 metros, ela perdeu nesta terça-feira a apelação no Supremo Tribunal da Suíça contra a decisão que a obriga a seguir as regras criadas pela Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF) para diminuir os altos níveis do hormônio em algumas mulheres.
Mthethwa descreveu a decisão de rejeitar o recurso como "muito infeliz e ofensiva para os direitos humanos fundamentais das atletas classificadas como hiperandrogênicas".
- Tanto o governo da África do Sul como a comunidade esportiva global sempre tiveram uma visão firme de que esses regulamentos são uma violação grosseira dos direitos humanos fundamentais de atletas hiper-femininas - disse ele, conforme relatado pela "Political Analysis South Africa".
- Portanto,
apoiamos o apelo de Semenya e do Athletics South Africa (ASA) em sua disputa
legal com o Atletismo Mundial. Como Governo da África do Sul democrática, um
país conhecido por sua tradição de promoção e proteção dos direitos humanos
básicos, juntamente com a ASA, estudaremos o julgamento e consideraremos várias
opções e caminhos à nossa disposição em nossa campanha coletiva para combater
esta injustiça - relatou.
Dona de 30
medalhas olímpicas e mundiais combinadas, a americana Simone Biles também defendeu a corredora sul-africana.
- Isto está
errado em tantos níveis. Mais uma vez homens tendo controle sobre o corpo das
mulheres. Estou cansada – postou a ginasta.
Semenya
lamentou a decisão durante a semana.
- Estou muito
desapontada com esta decisão, mas me recuso a permitir que a IAAF me drogue ou
me impeça de ser quem eu sou. Excluir atletas do sexo feminino ou colocar nossa
saúde em risco apenas por causa de nossas habilidades naturais coloca o
atletismo mundial no lado errado da história - disse.
Caster Semenya é bicampeã olímpica nos 800
metros — Foto: Paul Childs/Reuters
Associação Internacional das Federações de Atletismo insiste que as regras existem para proteger o esporte feminino e tem o aval do CAS, mas muitos as criticaram por infringir os direitos humanos. Um relatório das Nações Unidas publicado em julho criticou os regulamentos, que afirmava "legitimar efetivamente a vigilância de todas as mulheres atletas com base em estereótipos de feminilidade" e "negar aos atletas com variações nas características sexuais um direito igual de participar de esportes e viola o direito à não discriminação de forma mais ampla".
Além dos títulos
olímpicos, Caster Semenya é tricampeã mundial acima de 800 metros - ganhando
medalhas de ouro em 2009, 2011 e 2017. A corredora sul-africana ganhou os
títulos dos Jogos da Commonwealth nas corridas de 800m e 1500m na Gold Coast 2018. Justamente pelo farto currículo, ela é a atleta mais impactada
pelas regras relativas aos níveis de testosterona dos
atletas de DSD.
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