domingo, 13 de setembro de 2020

Caster Semenya: governo da África do Sul vai lutar contra decisão que impõe redução de testosterona

 

Ministro do esporte, Nathi Mthethwa se comprometeu a enfrentar a "injustiça" da decisão, que chama de "violação grosseira dos direitos humanos fundamentais"

 

Por Redação do ge — Rio de Janeiro

https://globoesporte.globo.com/atletismo/noticia/caster-semenya-governo-da-africa-do-sul-vai-lutar-contra-decisao-que-impoe-reducao-de-testosterona.ghtml

Ministro do esporte, cultura e artes da África do Sul, Nathi Mthethwa se comprometeu a lutar contra a "injustiça" da decisão que exige que a corredora Caster Semenya tome medicamentos redutores de testosterona para ser elegível para competir. Bicampeã olímpica nos 800 metros, ela perdeu nesta terça-feira a apelação no Supremo Tribunal da Suíça contra a decisão que a obriga a seguir as regras criadas pela Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF) para diminuir os altos níveis do hormônio em algumas mulheres.

Mthethwa descreveu a decisão de rejeitar o recurso como "muito infeliz e ofensiva para os direitos humanos fundamentais das atletas classificadas como hiperandrogênicas".

- Tanto o governo da África do Sul como a comunidade esportiva global sempre tiveram uma visão firme de que esses regulamentos são uma violação grosseira dos direitos humanos fundamentais de atletas hiper-femininas - disse ele, conforme relatado pela "Political Analysis South Africa".

 + Semenya perde apelação e só competirá se tomar medicação para reduzir nível de testosterona



 Caster Semenya na Diamond League — Foto: Francois Nel/Getty Images

- Portanto, apoiamos o apelo de Semenya e do Athletics South Africa (ASA) em sua disputa legal com o Atletismo Mundial. Como Governo da África do Sul democrática, um país conhecido por sua tradição de promoção e proteção dos direitos humanos básicos, juntamente com a ASA, estudaremos o julgamento e consideraremos várias opções e caminhos à nossa disposição em nossa campanha coletiva para combater esta injustiça - relatou.

Dona de 30 medalhas olímpicas e mundiais combinadas, a americana Simone Biles também defendeu a corredora sul-africana.

- Isto está errado em tantos níveis. Mais uma vez homens tendo controle sobre o corpo das mulheres. Estou cansada – postou a ginasta.

Semenya lamentou a decisão durante a semana.

- Estou muito desapontada com esta decisão, mas me recuso a permitir que a IAAF me drogue ou me impeça de ser quem eu sou. Excluir atletas do sexo feminino ou colocar nossa saúde em risco apenas por causa de nossas habilidades naturais coloca o atletismo mundial no lado errado da história - disse.

 


Caster Semenya é bicampeã olímpica nos 800 metros — Foto: Paul Childs/Reuters

Associação Internacional das Federações de Atletismo insiste que as regras existem para proteger o esporte feminino e tem o aval do CAS, mas muitos as criticaram por infringir os direitos humanos. Um relatório das Nações Unidas publicado em julho criticou os regulamentos, que afirmava "legitimar efetivamente a vigilância de todas as mulheres atletas com base em estereótipos de feminilidade" e "negar aos atletas com variações nas características sexuais um direito igual de participar de esportes e viola o direito à não discriminação de forma mais ampla". 

Além dos títulos olímpicos, Caster Semenya é tricampeã mundial acima de 800 metros - ganhando medalhas de ouro em 2009, 2011 e 2017. A corredora sul-africana ganhou os títulos dos Jogos da Commonwealth nas corridas de 800m e 1500m na ​​Gold Coast 2018. Justamente pelo farto currículo, ela é a atleta mais impactada pelas regras relativas aos níveis de testosterona dos atletas de DSD.

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