Fábio Moraes de Carvalho entrou com uma ção judicial para cobrar da universidade e da prefeitura a abertura do equipamento recém-reformado ao público
Por O GLOBO— Rio de Janeiro
O advogado Fábio Moraes de Carvalho, corredor amador há mais de 20 anos, entrou com uma ação popular para garantir que a pista de atletismo do campus Gragoatá, na UFF, em Niterói, seja aberta ao público. Segundo ele, manter fechada a estrutura, que recebeu investimento de R$ 14 milhões da prefeitura, é como ter uma Ferrari sem uso na garagem.
A obra foi inaugurada oficialmente em 13 de maio de 2024, mas permanece inacessível, apesar do convênio firmado entre a UFF e o município que previa seu uso compartilhado entre a população e a comunidade acadêmica. O equipamento está inserido no Complexo Esportivo Aída dos Santos e fez parte do bilionário pacote de investimentos do programa Niterói 450, anunciado pelo prefeito Axel Grael, em 2022.
A pista era amplamente utilizada por moradores e esportistas de Niterói. No entanto, de acordo com a ação protocolada por Carvalho, mesmo após a reforma e a inauguração, o acesso ao local segue impedido, com cadeados e correntes bloqueando a entrada, o que gerou indignação por parte de esportistas e moradores.
— É uma situação absurda. A pista, que foi paga com dinheiro público, está trancada, impedindo o uso pela população. Isso configura uma grave violação ao que foi firmado no convênio. É como ter uma Ferrari de R$ 15 milhões trancada na garagem por medo de estragá-la. A pista precisa ser aberta, com fiscalização e regras de uso, mas jamais permanecer fechada — afirma.
O advogado explica que recorreu ao Poder Judiciário após o primeiro turno das eleições porque não queria ver nenhum candidato a vereador fazendo uso eleitoral da pauta. Ele explica que o único objetivo é assegurar que a pista seja aberta à população, como estabelecido no acordo inicial.
— Não queria que ninguém fizesse politicagem com a situação. É uma pista profissional, com tudo novo. Mas está parada, sem uso. Tentei buscar respostas antes de entrar com essa ação, mas não tive nenhum retorno, nem da UFF nem da prefeitura — explica.
Ele ainda lembra que houve promessa de acesso ao público realizada por representantes da UFF e da prefeitura antes e durante a obra.
Procurada, a Prefeitura de Niterói disse que a gestão do Complexo Esportivo Aída dos Santos e suas regras de uso são de competência da UFF. O GLOBO-Niterói também procurou a universidade, e aguarda a resposta.
Atualização: Em nota, a UFF destaca que o Complexo de Atletismo Aída dos Santos faz parte de um convênio mais amplo, que abrange a revitalização de todo o equipamento esportivo da universidade, incluindo a pista de atletismo oficial, pista de saltos, sala de conferências e pista saúde (pista externa que contorna o complexo), esta já aberta ao público entre 7h e 22h diariamente. No momento, afirma, a fim de garantir o acesso seguro da população e da comunidade acadêmica ao local e a preservação dos espaços e da infraestrutura, a universidade finaliza um regulamento que estabelece diretrizes de uso e horário da pista de atletismo.
"Especialmente sobre a pista de atletismo, embora exista uma expectativa do uso compartilhado entre a comunidade universitária e a população, o acesso irrestrito a todas as instalações não é possível devido às especificidades técnicas do espaço. A pista possui um piso de alto rendimento, cuja utilização deve seguir normas internacionais para evitar seu desgaste precoce e a perda de certificação e da garantia, o que representaria um desperdício de recursos públicos", diz o texto.
A universidade acrescenta que duas competições realizadas no local, o Grande Prêmio Brasil de Atletismo, em maio, e o Campeonato Brasileiro Sub-20 de Atletismo, em junho, foram eventos-teste, organizados em cooperação com a Confederação Brasileira de Atletismo, para verificar possíveis ajustes necessários antes da entrega completa do espaço. A instalação de uma gaiola de proteção para arremessos, item essencial para a segurança em competições de arremesso de peso e martelo.
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