quinta-feira, 26 de junho de 2025

‘Impecável’: por que árbitros brasileiros são elogiados no Mundial de Clubes e criticados no Brasil?

Cobrados em jogos do Brasileirão, Ramon Abatti Abel e Wilton Pereira Sampaio têm sido exaltados pela atuações nos Estados Unidos



Por Ricardo Magatti

FILADÉLFIA - Ramon Abatti Abel e Wilton Pereira Sampaio, os brasileiros escalados para apitar jogos do Mundial de Clubes, têm ganhados elogios de especialistas em arbitragem em decorrência de suas atuações na competição e são bem avaliados pela Fifa.

Criticados no Brasil, os dois tiveram bom desempenho nas duas partidas que cada um apitou. o catarinense Ramon esteve em Manchester City 2 x 0 Wydad Casablanca e Real Madrid 3 x 1 Pachuca, enquanto que o goiano Wilton trabalhou em Monterrey 1 x 1 Inter de Milão e RB Salzburg 0 x 0 Al-Hilal.


Archivo VAR, um perfil espanhol nas redes sociais que faz análises da arbitragem mundial, descreveu como “impecável” o trabalho de Ramon na vitória do Real sobre o Pachuca, pela segunda rodada.

Ramon Abatti Abel é um dos árbitros brasileiros escalados para apitar o Mundial de Clubes Foto: Richard Pelham/AFP

No jogo, o brasileiro expulsou o defensor Raúl Asencio, do time espanhol, e acionou pela primeira vez no torneio o protocolo antirracismo no segundo tempo após queixa de Rudiger. O juiz fez o gesto de “X” com os braços, para registrar o episódio, como prevê a regra no artigo 15, presente no Código Disciplinar da Fifa desde maio.

Mas por que os Ramon Abatti Abel e Wilton Pereira Sampaio são contestados em jogos do Brasileirão e enaltecidos no Mundial? Há algumas explicações. As principais estão ligadas à postura dos jogadores fora do Brasil e a preparação da Fifa totalmente direcionada para um torneio de tiro curto como o Mundial.

“No Mundial de Clubes, o jogo é só técnico, não exige na parte disciplinar. Isso ajuda nas decisões do árbitro”, opina Sálvio Spínola, ex-árbitro e comentarista da Record. “O ambiente é melhor, tem menos pressão na gestão e nas escalas”.

"Há um processo de concentração plena, árbitros ficam no hotel em dedicação exclusiva, só pensando na arbitragem, no jogo. Com orientações e treinos diários"

Sálvio Spínola, ex-árbitro

De fato, antes e depois dos jogos do Mundial, os árbitro têm reuniões diárias com análises dos lances dos jogos que apitam e recebem mais suporte do que da CBF, que promete há décadas a profissionalização dos juízes no País.

“A Fifa dá toda a tranquilidade e o amparo quando você vai para competições internacionais. Esse apoio reflete no campo”, considera Carlos Eugênio Simon, o brasileiro que mais apitou jogos de Copa do Mundo - 2002 (Japão/Coreia do Sul), 2006 (Alemanha) e 2010 (África do Sul).

Em competições como o Mundial, a Fifa leva quase 100 profissionais para auxiliar os árbitros, que têm um amparo semelhante ao dado aos atletas. Esses profissionais - médicos, psicólogos, nutricionistas, entre outros - ficam hospedados nos mesmos hotéis que a equipe de arbitragem.

“Eles (árbitros) passaram por um seminário preparatório em que tudo foi ajustado, a preparação foi ajustada. Portanto, não contamos apenas com a tecnologia para ter bons desempenhos dos árbitros em campo. Estamos trabalhando duro”, disse o italiano Pierluigi Collina, chefe do Comitê de Arbitragem da Fifa, em conversa com jornalistas antes do Mundial.

No Mundial, ao todo, são 35 árbitros de 33 nacionalidades diferentes na lista divulgada pela Fifa. Já os responsáveis pelo VAR são 24, de 22 países diferentes.

Wilton Pereira Sampaio deve apitar jogos da Copa do Mundo de 2026 Foto: Cesar Greco/Palmeiras

A mentalidade, dizem ex-árbitros, também é diferente para quem trabalha em Mundial ou Copa do Mundo, uma vez que uma falha grave tira o juiz da competição. No Brasileirão, os profissionais costumam ir pra “geladeira”, mas depois voltam a apitar.

Ramon e o Wilton estão estão pré-selecionados para a Copa do Mundo de 2026, assim como Raphael Claus (Fifa/SP), que esteve no Mundial do Catar, em 2022. Edina Alves Batista (Fifa/SP) estava na relação preliminar, mas acabou saindo. Ela recentemente foi convocada para a Eurocopa feminina, marcada para julho, na Suíça.

Wilton, de 44 anos, tem mais experiência que Ramon, de 35. O goiano foi escalado para a última Copa do Mundo, no Catar, na qual apitou quatro partidas, incluindo as quartas de final entre Inglaterra e França. Na Copa de 2018, na Rússia, trabalhou com árbitro de vídeo. Ele está em sua oitava competição da Fifa.

É esperado que um dos dois brasileiros apite uma partida das oitavas de final, que será aberta no sábado, 28, com Palmeiras x Botafogo. A Fifa ainda vai divulgar a escala.

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