Para começar, a World Athletics NÃO BANIU os atletas transgêneros como muitos estão a compartilhar e até informar, apenas determinou uma limitação de participação. É a mesma limitação que a World Aquatics instituiu em Junho de 2022 durante o Congresso da então FINA, no Mundial de Budapeste. A transisção do atleta masculino para o feminino precisa ser feita até o início da Puberdade.
A World Athletics ainda não publicou os detalhes da regra, mas no Regulamento de Competições da AQUA (link) está bem claro e detalhado na regra 5.4 elegibilidade para a categoria feminina.
No regulamento da AQUA fica determinado que a transição do masculino para o feminino precisa ser feita até a Puberdade especificada como “Tanner Stage 2”.
O estágio 2 de Tanner, também conhecido como estágio 2 do desenvolvimento sexual, é um termo usado para descrever um ponto específico no desenvolvimento físico de crianças durante a puberdade. Faz parte da Escala de Tanner, que é um método padronizado para avaliar e descrever as mudanças que ocorrem no corpo durante a puberdade.
Durante o Estágio 2 de Tanner, tanto meninas quanto meninos começarão a experimentar mudanças físicas associadas à puberdade. As meninas normalmente experimentam botões mamários, que é o desenvolvimento inicial do tecido mamário. Os meninos começarão a experimentar aumento testicular, e seu escroto e pênis começarão a crescer.
Em geral, o estágio 2 de Tanner ocorre por volta dos 9 a 11 anos de idade para meninas e de 11 a 12 anos para meninos, embora o momento exato da puberdade possa variar amplamente entre os indivíduos. A Escala de Tanner é utilizada por profissionais de saúde para monitorar e acompanhar o progresso da puberdade em crianças e adolescentes.
Além disso, conforme a regra da AQUA o atleta precisa manter o nível de testosterona em 2,5nmol/l. No anúncio feito pela World Athletics isso ainda não foi confirmado, mas deverá assim que sair a publicação do documento.
A nova regra de restrição de participação dos atletas trans publicada pela World Aquatics, agora seguida pela World Athletics já tinha sido também adotada pela World Rowing. A tendência é de que todas as federações internacionais de esporte sigam o mesmo modelo.
Ontem, ao fazer o anúncio, o Presidente da World Athletics Sebastian Coe fez questão de informar que não existe no atletismo mundial nenhum atleta trans de alto rendimento, mas que mesmo assim era necessária publicação das regras. O mesmo pode ser dito para a World Aquatics onde nunca tivemos um só atleta trans do masculino para o feminino disputando qualquer tipo de competição nacional ou internacional de alto rendimento.
Lia Thomas, que foi campeã do NCAA no ano passado, ainda como William Thomas foi federada pela última vez junto a USA Swimming no ano de 2017 quando competia no masculino e nunca mais renovou a sua filiação.
A mudança de maior impacto anunciada pela World Athletics, e esta sim afeta o esporte de alto rendimento atual, foi a mudança e restrições para os atletas com DSD, Diferença no Desenvolvimento Sexual. Neste linha, temos atletas campeões mundiais e medalhistas olímpicos que foram diretamente atingidas.
A regulamentação que estava em vigor se aplicava para as provas de 400 a 1500 metros rasos, e os atletas precisavam ter um limite de 5nmol/l em seus níveis de testosterona por seis meses. A nova regulamentação agora abrange toda a programação do atletismo e exige um nível de 2,5 nome/litro por 24 meses.
DSD é um grupo de condições raras envolvendo genes, hormônios e órgãos reprodutivos, incluindo genitais. Significa que o desenvolvimento sexual de uma pessoa é diferente da maioria das outras pessoas.
Nomes de destaque como Francine Nyonsaba, Christine Mboma, Caster Semenya praticamente estão eliminadas por completo do esporte.
Tanto no anúncio da World Athletics ontem, como no anúncio da World Aquatics em junho do ano passado uma “promessa” de que outros estudos estariam sendo desenvolvidos e seriam publicados posteriormente. No caso da AQUA ainda houve uma promessa que jamais será cumprida, a criação de uma categoria Open, que incluiria homens e mulheres sem qualquer restrição ou controle.
No caso da transição oposta, do sexo feminino para o masculino, as regras da World Aquatics, e que devem também ser seguidas pela World Athletics não possuem qualquer limite e incluem inclusive as atletas com DSD. No caso dos esportes aquáticos, os atletas trans do feminino para o masculino precisam preencher um termo de responsabilidade para as modalidades de polo aquático e high diving assumindo possíveis riscos de saúde pela dificuldade específica destes esportes.
Ainda no caso do trans feminino para o masculino, que venha a se submeter a tratamento hormonal, tal tratamento precisará de um TUE, uso terapêutico médico autorizado.
Ainda é importante destacar que, pela imposição das regras agora, e a necessidade deste tratamento desde a Puberdade, a tendência é de que não teremos tão cedo algum atleta trans do masculino para o feminino disputando estas modalidades que estão adotando esta regulamentação. Porém, tal tipo de situação poderá ser alterada no futuro.
Uma prova disso é a situação nos Estados Unidos. Segundo dados da Komodo Health Inc. (link) um total de 42.167 crianças de 6 a 17 anos foram diagnosticadas com Disforia de Gênero que é caracterizado como um estado emocional de desconforto ou insatisfação com o gênero atribuído ao nascer, que pode levar algumas pessoas a buscar uma transição de gênero.Este número é praticamente o dobro em relação a 2020 e o triplo em relação a 2017. Só em 2021 foram 1.390 jovens (6 a 17 anos) que iniciaram tratamento de bloqueio de puberdade.
Segundo as regras da World Athletics anunciadas ontem e a World Aquatics no ano passado, estes jovens, seguindo o processo de manter os níveis de testosterona a 2,5nmol/l estariam autorizados a competir nos respectivos esportes de alto rendimento.
Ou seja, como foi dito lá em cima, não houve banimento algum, e sim limitação e estabelecimento de regras mais específicas e rigorosas.
Matéria de: https://bestswimming.swimchannel.net/2023/03/24/world-aquatics-saiu-na-frente-e-todos-seguem-atras-nova-regra-dos-transgeneros-no-esporte/
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